Construção civil teme restrições e nova regra

21/02/2011 09:08

As novas regras de financiamento através do Minha Casa Minha Vida devem refletir negativamente na região. Especialistas garantem que o programa federal movimenta em média R$ 70milhões ao ano somente em Araranguá. Corretores de imóveis, donos de construtoras de pequeno porte e prefeituras estão preocupados com o possível impacto na economia regional. O problema foi debatido na Câmara de Vereadores de Araranguá na tarde de sexta-feira.

Em uma reunião um dia antes, uma comissão havia sido formada e coube a ela intermediar as discussões e expor o problema que pode ganhar proporções ainda maiores. Alguns proprietários de construtoras já preveem a demissão de funcionários caso a restrição não seja revista. Sem dinheiro, muitos afirmam que deixarão de investir na construção de mais casas. Se outros pequenos construtores seguirem o mesmo caminho, o comércio também será afetado, alertou o empresário Gerson Sangaletti, que faz parte da comissão de mobilização.

Entusiasmados com o aquecimento do setor e confiantes na promessa de ampliação do programa  pela presidente Dilma Rousseff, os pequenos construtores apostaram alto em 2011 e investiram boa parte do capital na aquisição de terrenos. "Até o mês passado, o mercado estava muito aquecido, foram contratadas muitas pessoas e o investimento de capital em terrenos foi alto na cidade. Mas no meio do jogo, as regras mudaram", lamentou o vereador Anísio Premoli (PMDB), que preside a Comissão de Indústria e Comércio da Câmara. Ele foi o responsável por articular a reunião que contou ainda com a presença do deputado federal Ronaldo Benedet (PMDB).
 

Pequenos sofrem mais
Preocupados com a situação, os profissionais de construção civil procuram apoio político. Quem trouxe novidades a respeito do caso foi o secretário de Planejamento de Araranguá, Leonardo Tiskoski. Ele obteve informações junto ao Ministério das Cidades que a medida adotada pela Caixa Econômica Federal visa baixar o valor dos insumos (mão de obra, materiais de construção, lotes urbanos), além de oferecer mais infraestrutura para os novos moradores. Leonardo afirma que existe uma grande possibilidade da norma que gerou muita polêmica, ser anulada.

A corretora de imóveis Anita Pizzolo também se manifestou contra a medida, que na sua opinião vem na contramão do discurso da presidente. "Tomei um susto quando tive conhecimento desta nova normativa. Não podemos aceitar isso de forma alguma", enfatizou. O secretário municipal de Administração, Daniel Viriato Afonso, esteve presente no encontro e assegurou que Araranguá possui aproximadamente 40% de suas ruas pavimentadas, reconheceu que é pouco e disse que a prefeitura deverá investir fortemente este ano para garantir maior infraestrutura urbana.

As prefeituras recebem cerca de 3% do valor do imóvel vendido através do imposto de transmissão (ITIV). Desta forma, se a construtora deixar de vender uma casa de R$ 50 mil, município deixa de receber R$ 2 mil. Uma monção de apoio aos trabalhadores do ramo de construção civil que estão sendo atingidos pelas mudanças do programa, será enviada à Brasília e também aos deputados da região, solicitando a derrubada da nova medida.
 

Fonte: Correio do Sul